Mensagem de final de ano

22/12/2018 08:09

Foto: Bomba de sementes – Mutirão no Bosque do CFH 2018, por Tairi Ikeda.

Caras e caros colegas e estudantes,

                Reflexo de uma crise política e social sem precedentes, 2018, a exemplo do que já havia sido 2017, foi um ano muito difícil para as Universidades Públicas brasileiras, até mesmo para o conhecimento que produzem, alvos de ataques vindos das mais variadas forças políticas e sociais do atual cenário sócio-político brasileiro. Pontos de vista, crenças, suposições e simples mentiras foram alçados à condição de conhecimento e verdade, colocando em questão não só os fundamentos, mas também os avanços do conhecimento e muito do que já estaria consolidado pela melhor tradição da ciência. A própria Terra, neste ano que insiste em não acabar, voltou a ser dita plana; a necessária laicidade, foi suposta dispensável; o crítico pensar e a livre expressão foram ameaçadas como desnecessários; a diversidade tornou-se, na voz que se pretende maioria, pura frivolidade; a democracia virou temeridade. Neste triste cenário, a frase que mais se pronunciou e se ouviu nas Universidades foi: são tempos difíceis! Como de fato estão sendo. E, parece, continuarão sendo à frente.

                Para tempos difíceis, tempos em que o mal foi novamente alçado à sua possibilidade concreta de realização, são necessárias ao menos a resiliência e a solidariedade. E luta, muita luta para a resistência. E foi isso que as Universidades também fizeram e disseram neste ano de 2018. Lutaram em defesa da verdade, da liberdade de pensamento e de expressão,  da diversidade étnico-racial e de gênero, de uma justiça equânime. Lutaram, corajosamente em vários momentos, para garantir o respeito à liberdade, aos direitos humanos e às garantias fundamentais duramente conquistadas. E lutamos com as armas que temos!

                Para 2019, o cenário dificilmente se modificará, tanto nas dificuldades que teremos de enfrentar, quanto na necessária resistência que havemos de ter. Este, no entanto, é o fundamento e o papel das Universidades: resistir! Resistir ao obscurantismo, ao pensamento único, ao retrocesso, à usurpação dos direitos e das conquistas, tanto ao nível do conhecimento, quanto das práticas, da defesa dos direitos e dos princípios maiores de uma sociedade justa e inclusiva.

                O pessimismo de que podemos ser acusados quanto à avaliação que fazemos do futuro próximo, e o inconformismo que temos sobre o que parece ser o destino imediato da sociedade brasileira, não devem ser interpretados como simples estados puramente negativos, mas como verdadeiros escudos contra a degradação que se anuncia e como estímulo para as necessárias transformações na direção de um país melhor.

                É com este espírito de resistência e de esperança na manutenção de nossos projetos para um país melhor, ameaçados no que se anuncia para o país no próximo ano, que encerramos o ano de 2018. Se não podemos desejar muito para 2019, que tenhamos ao menos a mesma resistência e as mesmas esperanças.

                Saudações Universitárias,

                A Direção do CFH

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